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Coinbase Enfrenta o Pior Trimestre Desde a Falência da FTX: O Que Está Por Trás da Crise na Maior Exchange dos EUA

A Coinbase, maior exchange de criptomoedas dos Estados Unidos, reportou no início de abril os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 — e os números não foram nada animadores. A companhia registrou seu pior desempenho desde o colapso da FTX, em novembro de 2022, em meio à queda na atividade do mercado, aumento da concorrência e intensificação do cerco regulatório.

Um trimestre sombrio: os números

Segundo o relatório financeiro divulgado no início de abril, a Coinbase registrou uma queda de 34% na receita líquida em relação ao trimestre anterior, totalizando US$ 480 milhões, bem abaixo das expectativas dos analistas de Wall Street, que projetavam ao menos US$ 650 milhões. O volume de negociação também sofreu um duro golpe, recuando 39% no mesmo período.

O lucro líquido, que já era modesto, transformou-se em prejuízo de aproximadamente US$ 112 milhões, uma reversão drástica em relação ao leve lucro do quarto trimestre de 2024. Esses dados acenderam um sinal de alerta no setor, especialmente após o ressurgimento de temores sobre solvência e governança que marcaram o período pós-FTX.

Quais são as causas da crise

1. Desaceleração no mercado de criptoativos

Após um fim de 2024 marcado por uma leve recuperação no mercado, impulsionada por ETFs de Bitcoin à vista e perspectivas otimistas de corte de juros nos Estados Unidos, o início de 2025 trouxe uma reversão. Bitcoin recuou quase 18% no trimestre, afetando diretamente a confiança dos investidores e reduzindo o apetite por negociação.

Como resultado, traders ocasionais e investidores institucionais diminuíram drasticamente a atividade nas plataformas centralizadas, incluindo a Coinbase. Vale lembrar que a exchange ainda depende fortemente das taxas de negociação para gerar receita, apesar de iniciativas de diversificação.

2. Concorrência de plataformas descentralizadas (DeFi)

As exchanges descentralizadas (DEXs) vêm ganhando espaço de forma consistente. Protocolos como Uniswap, dYdX, e novos modelos de rollups em redes como Base e Arbitrum vêm atraindo usuários que buscam mais controle, menor custódia de terceiros e taxas reduzidas.

A Coinbase, ironicamente, lançou a rede Base como tentativa de se integrar ao ecossistema DeFi, mas enfrenta dificuldade em monetizar esse braço da operação com a mesma eficiência da exchange centralizada.

3. Pressão regulatória crescente

O cerco regulatório também se intensificou. A SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) e a CFTC (Comissão de Negociação de Futuros de Commodities) continuam investigando se tokens listados na Coinbase devem ser considerados valores mobiliários. Além disso, a corretora foi multada em US$ 17 milhões, imposta pela CFTC recentemente por práticas de conformidade inadequadas em relação à listagem de tokens menos conhecidos.

Essas questões não apenas afetam a imagem da empresa perante investidores institucionais, mas também aumentam os custos operacionais com departamentos jurídicos e de compliance.

4. Saída de talentos e instabilidade interna

Nos últimos seis meses, a Coinbase perdeu figuras-chave em sua liderança, incluindo o Diretor de Tecnologia (CTO) e o Vice-presidente de Produtos Institucionais. Além disso, relatos internos apontam para cortes de pessoal e congelamento de contratações em áreas estratégicas. A moral da equipe estaria em queda, com relatos de pressão para reverter os números em curto prazo.

O impacto no mercado

As ações da Coinbase (COIN) caíram cerca de 27% desde o início do ano. Apesar de ainda estarem longe das mínimas históricas registradas após a falência da FTX, o movimento é visto com cautela por analistas. Alguns apontam que a valorização recente das ações foi mais impulsionada pelo hype em torno dos ETFs do que por fundamentos reais da empresa.

Além disso, muitos usuários começaram a questionar se manter fundos em exchanges centralizadas ainda é seguro ou vantajoso. Embora a Coinbase afirme operar com reservas superiores a 1:1, o histórico recente do setor gera desconfiança, especialmente entre investidores mais experientes.

Paralelo com a FTX: estamos diante de um novo colapso?

A comparação com a FTX surge naturalmente, mas é importante ressaltar as diferenças fundamentais entre as duas exchanges. A Coinbase é uma empresa pública, auditada, com obrigações regulatórias e um histórico mais transparente. Ainda assim, a vulnerabilidade do seu modelo de negócios – fortemente baseado em volume de negociação – coloca em risco sua resiliência em ciclos prolongados de baixa.

Outro ponto que diferencia os momentos é o contexto do mercado. Em 2022, a FTX caiu em um cenário de pânico sistêmico, enquanto a situação atual é mais relacionada à desaceleração e concorrência. Mas a mensagem é clara: o mercado exige adaptação e inovação contínua.

O que esperar para os próximos meses?

A Coinbase precisa provar sua capacidade de se reinventar, explorando novos fluxos de receita além da negociação. O sucesso da rede Base pode ser um ponto de virada, mas é necessário que os usuários enxerguem valor real na proposta.

Além disso, as eleições presidenciais nos EUA e o futuro regulatório do setor podem mudar drasticamente o jogo. Se o ambiente regulatório se tornar mais claro e favorável, exchanges como a Coinbase podem se beneficiar.

Por outro lado, se a pressão aumentar, plataformas descentralizadas e soluções de autocustódia continuarão crescendo em popularidade, o que exigirá uma resposta ainda mais ousada da exchange.

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