Tuur Demeester, um dos analistas mais respeitados do mercado cripto, voltou aos holofotes ao revisitar uma tese que se provou visionária em 2022: vender ações da Tesla (TSLA) e comprar Bitcoin (BTC). Agora, em 2025, ele levanta uma nova questão — será a hora de fazer o caminho inverso?
A jogada certeira de 2022: Tesla vs. Bitcoin
Em agosto de 2022, Demeester publicou uma análise que na época soou ousada: “Troque Tesla por Bitcoin”. Em apenas cinco meses, o movimento se mostrou certeiro — as ações da Tesla caíram 53% em relação ao Bitcoin, consolidando o sucesso da tese.
Na prática, Demeester usou um gráfico pouco convencional: o valor da Tesla medido em Bitcoin. Esse tipo de análise, mais comum entre investidores experientes, ajuda a comparar diretamente o desempenho de ativos fora do padrão dólar.
2025: fundo do poço ou nova oportunidade?
Neste mês de junho de 2025, o analista voltou a publicar uma atualização desse gráfico. Segundo ele, o rácio TSLA/BTC atingiu o nível mais baixo desde 2019. Hoje, uma ação da Tesla equivale a apenas 0,003 BTC — uma queda de mais de 80% desde o topo.
Essa métrica sugere que o Bitcoin superou amplamente a performance da Tesla nos últimos anos, mas também levanta uma nova questão: será que estamos diante de um ponto de inflexão? Demeester questiona se, com o pessimismo de Elon Musk em relação ao dólar e a crescente instabilidade macroeconômica, pode haver uma nova janela de entrada nas ações da montadora.
O contexto macro não favorece a Tesla
Apesar da possível oportunidade técnica, os riscos fundamentais são claros. Analistas como Ryan Brinkman, do JPMorgan, alertam que propostas legislativas do ex-presidente Donald Trump podem prejudicar fortemente os lucros da Tesla.
Um dos principais pontos é o fim do subsídio de US$ 7.500 para carros elétricos, o que poderia gerar um impacto direto de US$ 1,2 bilhão nos lucros operacionais da empresa. Além disso, há risco de perda de créditos regulatórios na Califórnia, o que somaria mais US$ 2 bilhões em prejuízos potenciais.
Elon Musk critica o governo e se posiciona contra o dólar
Musk, que já demonstrou apoio a Trump no passado, tem sido vocal em relação à política fiscal atual. Ele chamou o projeto de lei “One Big Beautiful Bill” de um “escândalo inflacionário”, criticando o aumento do déficit público e o desperdício de recursos.
Com o endividamento dos EUA ultrapassando US$ 36,9 trilhões, Musk acredita que o dólar está sendo desvalorizado sistematicamente — um posicionamento que fortalece, indiretamente, o argumento pró-Bitcoin.
Bitcoin em alta histórica
O contexto também precisa considerar o próprio Bitcoin, que recentemente atingiu um novo recorde de US$ 111.814 em 22 de maio de 2025. Apesar da leve correção para cerca de US$ 104.902, o ativo ainda acumula alta de 11,6% no último mês e 47,9% no último ano.
Tesla ainda é um player relevante no mercado cripto
Mesmo após vender 75% de seus Bitcoins em 2022, a Tesla ainda possui 11.509 BTC, o equivalente a cerca de US$ 1,2 bilhão — o que a mantém entre as maiores empresas com exposição ao criptoativo.
Conclusão: reavaliar o jogo pode ser inteligente
Com o gráfico Tesla/Bitcoin em mínimos históricos, os investidores mais atentos podem começar a considerar um possível “rotation trade” — voltar de Bitcoin para Tesla, especialmente se a criptomoeda entrar em período de correção e a montadora surpreender nos resultados ou recuperar incentivos fiscais.
Tuur Demeester ainda não cravou sua posição, mas o simples fato de ele revisitar esse gráfico em público acende um alerta para os investidores de perfil mais estratégico: talvez esteja na hora de observar a Tesla com outros olhos.